terça-feira, 7 de setembro de 2010

Diálogo entre a lua e a loba

Lua:

Loba tu sentes quando eu te olho? é por isso que para mim uivas?
Loba reparte comigo a tua tensão. agora, agora que cheia me encontro...
vento e luar pra te encantar

Loba:

Vês... o que é isso que eu sinto e escondo
Será que o tempo brinca comigo ou és tu lua tão mutável que me muda simultaneamente
Porque parece sempre que estou tão a frente de meu tempo?
Parece que o tempo corre e eu apenas passo por ele
Vês? Lua o que será que me escondes
O que será que refletes de mim agora?
Será que o teu ciclo interfere no meu?
será que cilos se fecharam novamente?
Porque agora tenho medo?
Porque agora não corro
eu costumava correr mais
me responda lua
porque brincas com minha presença?
Agora somos eu e tu
Amiga
Apenas nós duas novamente como sempre

Lua:

Nós duas juntas... um sinal, um uivo certo e um segredo que ao final te descobre... eu a Lua te tenho vezenquando à noite, quando refletes e lembras do que a madrugada pode te trazer... eu sou a madrugada, eu te busco e pelas estrelas percorres, sentes o vento no teu pêlo, sentes meu hálito desejoso de ti, loba negra que me deixa tensa e distraída da sorte.
os teus medos eu escondo em minhas crateras, as tuas alegrias eu incorporo para assim iluminar a todos que me veneram... teus sonhos... ahh estes eu quero transformá-los se necessário em meus, porque assim serei tua, loba negra minha

Loba:

Para te encontrar me jogo na noite
na noite funda da alma
sei que estarás lá
esperando por mim
para me iluminar e me trazer de volta
quando tudo parecer perdido.
me encontrar
quando me perco
e me ensina a me amar quando tudo de todos desconheço
eu não sei loba
eu não sei lua
eu não amo
amor
talvez eu apenas sinta demais
eu preciso sentir mais

Lua:

e o que me resta? eu conto as horas querendo saber o fim de uma história que não tem caminhos ao fim... mas apenas o próprio caminho... a luz é o meu objetivo final, mas é o amor que está a me esperar aqui dentro de minhas crateras, é este que me importa e me divide pra ti agora e sempre...
o que dirão da lua que abandonará o universo pela loba? tu tens a chave dos meus segredos e sentimentos agora e sempre, mas se abandono os elementos do universo, abandono os outros
tu loba és parte deste universo
como posso te ter e te abandonar simultaneamente?
tudo o que eu preciso está nos teus uivos

Loba:

Mas lua
o que dirá o sol?
os planetas e as estrelas?
o dirão os outros animais?
lua.. não posso te ter assim só minha
tens a mim todas as noites
tens meus uivos e sentimentos
tens minhas alegrias e tristezas, mas tens mais
tens de fato o meu amor
e por amor te deixo todas as manhãs
para crescermos juntas e não nos firmarmos em nós mesmas estacionando em nossa presença
eu te quero todas as noites, percebo isso agora
preciso disso todas as noites
para durante o dia seguir meu rumo
seguir meu totem e fazer o que os lobos fazem
zelar
por todos os animais
não percebes lua
que se me tivesse e eu te tivesse
por um todo
todas as manhãs
abandonaríamos o que somos
e deixaríamos assim de ser
o que mais nos encanta um no outro?
nossa natureza
dual
e amável


Lua:

amável é a palavra que define nosso amor. tão redundante parecer ser um amor amável... mas não é tão simples assim...
meu tempo no universo é o tempo que tens pra que eu me perca por ti loba
tu és uma loba milenar
lembro de ti desde que eras um filhote
e te amava como quem ama sua cria
lembro de ti jovem e vivaz
e te amava como quem ama a cor vermelha
lembro de ti agora assim indo a caminho da maturidade
maturidade que me acompanha mas que faz eu me perder tb
pois também sinto o amor
mesmo sendo A lua
a vida é o melhor lugar pra nós
nós duas juntas
seria uma vida só nossa
mas e os outros?
deixa eu me perder?
ai não posso
mas quero

Loba:

Vês lua o sol chega desavisado
e a noite se vai aos poucos
leve contigo meu amor doce lua
amanhã estaremos juntas novamente
quando não se sabe o que fazer ficasse parado
escute meu pranto, meus passos, meus cantos
Me espere
Não tomemos decisões precipitadas
Mas vamos juntas todas as noites
Retomar nossas estradas
Ao nascer do dia

(texto meu e de Juliana Castro)

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