quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Goldfish memory


Sofrer me faz eu encontrar comigo mesma...
Chega!
Vá passear devaneio!
Agora prefiro encontrar os vocês, os tus...
Me darão o que que quero
Mesmo que eu não os queira...
E eu mesma, que brinque de esconder
Que conte até 100 que nem criança
que ainda não sabe contar
Enquanto isso os narizes vermelhos
me fazem cócegas
Enquanto isso naturalmente
Acho Tudo Todos Todas
Perco Nada Ninguém Nunca
O rancor botei no fogo
Mas fumaças de rancor eu inalo vezenquando
“Como você me dói vezenquando”

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cadê a imagem?

“Tu me apareceste, sombrio e tétrico, qual outro Hamlet; tinhas os cabelos revoltos, e o rosto iluminado por uma agitação febril. Vinhas envolto em uma longa capa, e as botas cobertas pela poeira das estradas, atestavam que havias então chegado de alguma jornada... Depois... quando a tormenta passou, tu tinhas desaparecido também... onde foste? Não sabias que teu vulto deixaria em mim uma indelével impressão? (Revocata In: Noturno: Folhas errantes, 1882)




Segredos que escapam pelas vírgulas e pontos que nunca são finais
Reticências que me empurram para uma próxima linha
E choro com o peito aberto e me interrogas
E eu cheia de emoção exclamo
“é que eu preciso dizer tanto”

Estava à janela quando abri as cortinas
A neblina caía lentamente
Gotas d’água desprendiam-se das nuvens ranzinzas
Um trovão gritou
Escutei seu eco
A tempestade vinha em minha direção
tal como aquilo que sentia.
Naquela tarde sombria
Tu vinhas casmurro
Me olhava nos olhos
E tive medo do relâmpago
Desde então não te olhei mais nos olhos
Saí correndo pra dentro de mim.

Ninguém mais me achou
Tinhas olhos para mim
Mas só vias minha boca vermelha
Queria queimar-te a boca
Mas ela se tornava doce ao te tocar
E quase que se desmanchava
E virava mais uma gota de nuvens não ranzinzas
que tentavam passear por aí
acima da tua cabeça pensante...
Como posso ser feliz com pedaços de mim aqui acolá?
Trouxesse a lenha
Acendesse o fogo
Cadê a água para apagar essas chamas insanas?

O juízo final me incendeia.

O que isso quer dizer?

Eu não sei em que hora dizer...
Acho que é por que eu não sei o que dizer...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quais as palavras...?


“Escrever é uma pedra lançada no poço fundo” CL

Alguns sorrisos me excluem
Alguns dos meus sorrisos te excluem
Não é por mal
É que às vezes somos corpos sem pessoas dentro...
Mãos no bolso são que nem tu
Não enfrentam os medos
E se escondem onde é escuro e confortável

Quais as palavras...?

A solidão é egoísta

Verdades dentro de um elevador

Minha primavera te irrita...
Teu inverno me encanta...

Entrou no elevador
Me ofereceu uma maçã
Eu tive medo
Eu senti desejo
O que possuo é tão forte quanto o que eu sinto
Talvez no próximo andar
O medo saia
E se não sair
Lhe empurro
Vá!
Siga seu caminho pelas escadas
Sue
Corra
Aperto o botão de emergência
Só pra chamar a atenção do desejo
Ele estava de óculos pra me ver melhor
Ou pra não me encarar frente a frente?

Deixa que eu seja o céu...

“Coisa da alma a gente não mente
A gente só sente com olhar descrente
Coisas da alma a gente não esconde
A gente não cala o que a boca não fala
Coisas da alma a gente só espera
Fecham-se os olhos e só há doce esmera”
(Juliana Castro)


Antes eu me sentia a dona das palavras
Agora elas simplesmente fogem de mim
Quando simples ou complexo estás a minha frente
As malditas que antes eram benditas brincam
Brincam com a minha língua que trava
Brincam com meus pensamentos que se embatem
Brincam com o meu coração que pára por momentos
É porque as palavras correm de mim
Que corro pros teus braços e abraços
Que pinto minha boca de vermelho
Pra te queimar com o que eu sinto
Pra acordar o que sentes
Os beijos e abraços e sussurros
neste momento dizem mais

Palavras de Júlia


"Naquele momento e hoje tive certeza que o vento é homem. Estava com meu vestido xadrez vermelho e preto. Parei na esquina pra olhar o relógio, pois dependendo da hora seguiria um ou outro caminho. Sem avisar o senti – o vento - percorrendo desde a ponta dos meus pés até o meu umbigo - e era assim que eu queria você Casmurro
É assim que quero você.
Mais uma vez quero tocar-te.
E você Casmurro?
És homem. Mas és vento entre minhas águas e chamas?"

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Qual árvore...



Texto inspirado num conto da obra "Contos de contemplação" de Sandro Martins Costa Mendes
Desenho de Wagner Passos


Tal qual uma árvore numa peça de teatro.
É assim que me sinto.
- A que horas vais dormir?
A menina pergunta ao seu amigo.
- Não sei, porque te sigo e apenas repousarei, nunca mais dormirei.
O menino respondeu.
Ela nem ficou abalada no momento...
Ela nunca ficava...
Mas a noite caía
E ela lembrava do que lhe costumavam falar.
E aí ela sentia
E aí o que estava reprimido lhe fazia chorar soluçando
E rir gargalhando
Era intensa enquanto o menino se dispersava e saía à caça
Naquela floresta que tinha mais macieiras
Do que no quintal de minha avó.
Teve um dia que eu me perdi...
E o meu amigo tinha uma cesta cheia de maçãs
Que quase apodreceram assim como seu sorriso que amareleceu
Esperando pela minha fome, pelos meus passos e principalmente,
Pelo meu sorriso...
O menino nem saía à caça, mas sim à procura de si mesmo
E os dois quando se encontravam tinham aquele olhar característico
De duas crianças apaixonadas
Apaixonadas pela vida
Com um olhar curioso... com um olhar inocente
Com sonhos que não são males, mas desejos
Porque desejos nascem com a gente
E se não se desenvolvem em um meio
Vêm nos genes
- Vêm de família!
Como os avós dessas crianças diziam,
Antes deles terem se perdido...

O POÇO


I feel so free tonight
Minha vontade é de me jogar num poço
Ir até o fundo
Me afundar
No meu próprio poço...
Me enxergar através de meus olhos
Eu num espelho de mim mesma
Me jogo Me afundo Sofro
E de lá,
uma rosa felizmente infeliz
Ria de mim enquanto eu chorava
E agora já elevei-me acima do poço
E parto atrás de outro poço
O teu

Durma medo seu

“Às vezes a coragem é como quando a nova lua”


Tens medo de mim

Escreverei teus medos em mim

Aproveite e saborei o próprio medo

Na minha boca há medo também
Um medo rosado
Um medo avermelhado
Que se o tocares
Te contagiarás
Minha saliva palpita como um coração assustado
Tudo o que sentia estava preso em um olhar
Olhar que pra mim era como um quadro
Uma arte moderna a qual eu contemplava confusa
Segredos que se revelavam por si só
Desejos respondidos
Mas faltou a conclusão

Tens medo de mim porque em nós o juízo
Transcende
E voa
Mas alguém puxa esse balão
E traz nossos pés ao chão
Mas nossos olhos
Ah... nossos olhos
Vêem apenas o mar
E todos elementos que por ele são enamorados...
Tal como a lua vazia que chora
Tal como o sol que debocha

Tens medo de te perder e de não te achares mais
Eu serei teu labirinto e em mim te perderás
E eu te acharei
Em meio aos meus pensamentos
Em meio ao meu corpo
Me dando as mãos
Correndo de mim
Correndo em mim
Correndo para mim
Com um sorriso no olhar
Com um olhar faiscando em mim

Mel e seu infinito desejo...

sábado, 11 de setembro de 2010

Pra que é que serve uma canção?

Ela pode rodopiar e mudar de figura
E tu, enfrente o mar
Ame tanto e acredite



Olhar que pestaneja
Pernas que se enroscam
Olhares que se encontram

Assim tão linda
Nem parece que existe

Um sorriso de lua, um risco, passos
A vida afora
Agora

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Diálogo entre a lua e a loba

Lua:

Loba tu sentes quando eu te olho? é por isso que para mim uivas?
Loba reparte comigo a tua tensão. agora, agora que cheia me encontro...
vento e luar pra te encantar

Loba:

Vês... o que é isso que eu sinto e escondo
Será que o tempo brinca comigo ou és tu lua tão mutável que me muda simultaneamente
Porque parece sempre que estou tão a frente de meu tempo?
Parece que o tempo corre e eu apenas passo por ele
Vês? Lua o que será que me escondes
O que será que refletes de mim agora?
Será que o teu ciclo interfere no meu?
será que cilos se fecharam novamente?
Porque agora tenho medo?
Porque agora não corro
eu costumava correr mais
me responda lua
porque brincas com minha presença?
Agora somos eu e tu
Amiga
Apenas nós duas novamente como sempre

Lua:

Nós duas juntas... um sinal, um uivo certo e um segredo que ao final te descobre... eu a Lua te tenho vezenquando à noite, quando refletes e lembras do que a madrugada pode te trazer... eu sou a madrugada, eu te busco e pelas estrelas percorres, sentes o vento no teu pêlo, sentes meu hálito desejoso de ti, loba negra que me deixa tensa e distraída da sorte.
os teus medos eu escondo em minhas crateras, as tuas alegrias eu incorporo para assim iluminar a todos que me veneram... teus sonhos... ahh estes eu quero transformá-los se necessário em meus, porque assim serei tua, loba negra minha

Loba:

Para te encontrar me jogo na noite
na noite funda da alma
sei que estarás lá
esperando por mim
para me iluminar e me trazer de volta
quando tudo parecer perdido.
me encontrar
quando me perco
e me ensina a me amar quando tudo de todos desconheço
eu não sei loba
eu não sei lua
eu não amo
amor
talvez eu apenas sinta demais
eu preciso sentir mais

Lua:

e o que me resta? eu conto as horas querendo saber o fim de uma história que não tem caminhos ao fim... mas apenas o próprio caminho... a luz é o meu objetivo final, mas é o amor que está a me esperar aqui dentro de minhas crateras, é este que me importa e me divide pra ti agora e sempre...
o que dirão da lua que abandonará o universo pela loba? tu tens a chave dos meus segredos e sentimentos agora e sempre, mas se abandono os elementos do universo, abandono os outros
tu loba és parte deste universo
como posso te ter e te abandonar simultaneamente?
tudo o que eu preciso está nos teus uivos

Loba:

Mas lua
o que dirá o sol?
os planetas e as estrelas?
o dirão os outros animais?
lua.. não posso te ter assim só minha
tens a mim todas as noites
tens meus uivos e sentimentos
tens minhas alegrias e tristezas, mas tens mais
tens de fato o meu amor
e por amor te deixo todas as manhãs
para crescermos juntas e não nos firmarmos em nós mesmas estacionando em nossa presença
eu te quero todas as noites, percebo isso agora
preciso disso todas as noites
para durante o dia seguir meu rumo
seguir meu totem e fazer o que os lobos fazem
zelar
por todos os animais
não percebes lua
que se me tivesse e eu te tivesse
por um todo
todas as manhãs
abandonaríamos o que somos
e deixaríamos assim de ser
o que mais nos encanta um no outro?
nossa natureza
dual
e amável


Lua:

amável é a palavra que define nosso amor. tão redundante parecer ser um amor amável... mas não é tão simples assim...
meu tempo no universo é o tempo que tens pra que eu me perca por ti loba
tu és uma loba milenar
lembro de ti desde que eras um filhote
e te amava como quem ama sua cria
lembro de ti jovem e vivaz
e te amava como quem ama a cor vermelha
lembro de ti agora assim indo a caminho da maturidade
maturidade que me acompanha mas que faz eu me perder tb
pois também sinto o amor
mesmo sendo A lua
a vida é o melhor lugar pra nós
nós duas juntas
seria uma vida só nossa
mas e os outros?
deixa eu me perder?
ai não posso
mas quero

Loba:

Vês lua o sol chega desavisado
e a noite se vai aos poucos
leve contigo meu amor doce lua
amanhã estaremos juntas novamente
quando não se sabe o que fazer ficasse parado
escute meu pranto, meus passos, meus cantos
Me espere
Não tomemos decisões precipitadas
Mas vamos juntas todas as noites
Retomar nossas estradas
Ao nascer do dia

(texto meu e de Juliana Castro)

domingo, 5 de setembro de 2010

Meu corpo

Meu corpo é onde meu eu dissolve-se
Meu corpo é pulverização perpétua...
Corpo vivo
Corpo morto
Fortaleza e Fraqueza são partes do meu corpo
Meu corpo que é ultra sensível quando tem sua libido
atacada
Mas como o ataque pode ser tão desejado
Mas como o ataque não pôde ser refreado a tempo?
Agora minhas águas que navegariam teu oceano
Estão paradas
Não é tua culpa
A culpa é do meu corpo
Sensível ao toque ao cheiro ao desejo
Tão sensível que faz a xícara de café
Quebrar-se
E o café forte e doce
Espalha-se pelo teu corpo e pelo teu eu

sábado, 4 de setembro de 2010

Precioso toque

Já te falei que te sinto sem te tocar?
Respiro caminho abraço
Digo que só quero aproveitar
Cuidado meu bem,
Já te disse que eu sou café?
Aqueles cafés fortes...
que dão dor de cabeça,
quando esquece de tomá-los...
Te vicias em mim.
Sem meu sabor
A dor de cabeça, ou melhor...
A enxaqueca te absorve
Absorve cada gotícula
de tua saliva sedenta
do gosto meu.
E seco estás por mim
Tua alma pede uma chuva, ou melhor
Uma tempestade de minhas pessoas
Pra te molhar e depois eu te enxáguo
Te quero
E te quero bem
Desejo e medo
Corpo e alma

“Se eu perder esse trem que sai agora às 11 horas... só amanhã de manhã...”

Pra quê e por quê perder o que não tenho?
Quando e onde o amanhã terá o seu lugar?

Quero agora

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

The edge of desire

“Gosto de parar em cada esquina devagar... até você me encontrar” (Paulinho Moska)


Em cada esquina cores vivas pedem moradia
Em cada esquina o vento não me leva,
Pois ele me vê, mas não me enxerga...

A cada passo meus rastros se escondem
A cada passo te perdes de mim,
pois olhas pra lua, logo não me enxergas...

Nos teus sonhos meu olhar se afoga no teu
Nos meus sonhos nós nos queremos tanto,
Pois.. pois sei lá...

Apenas queremos
Há penas nessas águas claras
Que desviam a minha atenção
Mas agora me vês e me enxergas
Me enxergas tão bem que receio,
quando sigo e não olho pra trás...