terça-feira, 30 de abril de 2013

Se eu fosse tu, também fugiria de mim.

Um dia entrei no teu olhar
Tudo brilhou
Um dia você entrou em mim
Doeu
Mas eu deixei
E aí tudo sarou

Mas aí você se perdeu
Novamente
No teu peito inquieto
Eu me desfiz
E você parou
Olhou pra mim

E pausou
Me deixou pra
Sem
Foi de
E você sem medos pra eu curar
cantarolou
Sol Fá Si
Não,
Sem disposição pra esquecer
Sim,
É minha teimosia

terça-feira, 23 de abril de 2013

O menino
Ou
O homem
Que é o silêncio
Que quer o arrepio
Que quer o que arrepiado está
Esse só terá a minha vingança
Quantas vezes eu quiser
Na intensidade que eu quiser
Quando dizes que me odeia
Dizes calado
Por isso que sinto o ódio
Que mesmo assim não silencia
A minha vingança
Que é toda cheia de barulhos
De várias balas chupadas
por mim



É tudo tão rápido
É tudo tão intenso
Que eu não tenho nem tempo pra respirar
E o mais importante
Não tenho tempo nem para abraçar
Abraços de urso?
Esses nem sei mais quais são
Agora entendo
porque as crianças se agarram em seus ursinhos
pois eles tem tempo para elas
são puxados de um lado a outro
mas sempre estão com um sorriso, prontos
para receberem e darem um abraço
que só eles sabem dar
Fábios, Vinicius...

Um tem a música
Um tem o lirismo
Ambos tem as palavras que sorriem
Palavras que eles fazem sorrir
Mulheres que eles encantam
E nelas buscam o quê?
O amor?
Fábios e Vinícius não buscam o verbo
Fábios e Vinícius buscam o substantivo
Amar não é pra eles
Já o amor
Ahh esse os consome
Os deixam acordados à noite
Morrendo de sede
Insaciáveis
Com fome
de amor
e elas
coitadinhas
tem fome de amar
e não sabem a diferença
entre um verbo e um substantivo
Ela disse: “Ele é romântico demais!”

Os mais românticos quase nunca dizem sim
Os maiores romances não são dos românticos
Vinicius de Moraes que diga!
Sonhava com as palavras
As amaciava
As idolatrava
As acariciava
Já com as mulheres...
Ele as fazia sonharem
Sonhavam acordadas
Enquanto ele à noite, na banheira
Ligava para a outra
Falta pouco
Pouquinho
Não falta mais


O que sempre falta
Torna sua presença tão rara
Que não é mais lembrado

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Tenho saudade da arte

Tenho saudade da arte

Sal que cura bem rápido

o fogo que acolhe

esconderijo ao que a aprecia


domingo, 14 de abril de 2013

E por que não? II

E por que não?


Não. Não é uma canção

É uma resposta

ao olhar de três segundos

Não. Não foram e nunca são 3 segundos

É sempre mais

que quero te ver

Ver

Não. Não é só olhar

É ver

Se ver

E ver

Ainda que mal (Carlos Drummond de Andrade)

"Ainda que Mal

Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano: amor."

Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco'

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Veste a camisa

Era uma vez uma menina que dizia “I want more”
Um dia ela encontrou uma camiseta
Que se perdia em sua cinturinha
Um dia ela olhou pra frente
Um dia elas falaram ao mesmo tempo
E ela também queria mais

É...

Mais uma agridoce no mundo
Menos um tempo que se conta
Na sua boca está o gosto ácido
Na sua mente está o doce
que se perdeu na boca
e que nunca parece voltar

Cuidado,

misturas demais
diferentes são