quarta-feira, 25 de agosto de 2010

“Que seja doce”

Vi um dragão no espelho
Quando me acordei
Olhei
Parei
Medrei
Ele lá estava ao meu lado esquerdo
Queria conversar com o meu coração
Tic
Tac
Tic tac
Acabava de acordar e sentia aquele hálito
De hortelã e de alecrim... que não vinha de mim
Amor
Deus
Dragões
Esperei tanto tempo por eles, já estive tão mais bela
Já estive tão mais preparada para o avesso e o inesperado
Doce
Que seja
doce
Mas ele só me viu mais amarga, mas ele já era tão amargo
E ele recuoou... pegou o elevador e desceu... não olhou pra trás
Invisível
Inviolável
Incompreensível
Me fez o coração disparar, mãos umedecerem, pupilas dilatarem
Não soube aproveitar a espera e quando ele chegou ele nem me olhou

Ele nem me sentiu apenas não sentiu ele que é o ser do avesso
Ele viu a casa arrumada, mas meu ser no espelho se desfolhava
E caía junto com as folhas e flores da primavera
E de tão comum que essa cena era
Que não lhe chamou a atenção
E o dragão não me quis
Os dragões são raros
Dessa vez quero que seja doce...

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