domingo, 15 de agosto de 2010

O POÇO

Eu me enlouqueci demais
Precisei
E
Quis
Ir até o fundo
O fundo do poço que comigo gritou
O fundo do poço que me fez chorar
Espernear
Caminhar cega pelas ruas
Olhando pra cima
E vendo apenas o céu escuro
Nenhum Deus
Nem mesmo os anjos me vieram ao encontro
Deviam estar envergonhados
Deviam estar abismados
Com o eu monstro que havia nascido e crescido em mim
Na verdade já tinha nascido há tempos
Só estava aqui guardado
Hibernando
Mas agora eu mandei, ordenei esse eu monstro
a ir pra cama
cantei uma canção de ninar para assim vê-lo sorrir
ele sorriu sem graça
aquele sorriso sabes?
Que os lábios se puxam para um canto da boca
Boca minha que continua vermelha
Pois um dos meus eus ainda tem o Diabo no coração
Mas – ainda bem - há um anjo bom ao lado de minha alma.

Um comentário:

  1. "Sí­ cada dí­a cae, dentro de cada noche,
    hay un pozo
    donde la claridad está prisionera.

    Hay que sentarse en el borde
    del pozo de la sombra
    y pescar la luz caí­da
    con paciencia."

    Pablo Neruda

    I remember this.

    M. F.

    ResponderExcluir