domingo, 3 de outubro de 2010

Um pouco da mulher mais linda da cidade


Maria cruzava aquele bosque
João enxergava aquela estrela
Sentia uma luz viva tão poderosa
Mas ao invés de temer
Olhou-a
Tentou tocá-la...
Foi aí que se perdeu
Ela e seus receios formados por cacos de vidro
Ela e seus sorrisos puros mascarados pelos bares
Louca - em meio às suas preciosas loucuras havia sangue
Era o sangue da vida e não da morte
Ela sentia-se viva a cada talho na pele
A dor lhe dizia: “Estás viva!”
O rum vibrava dentro de sua pele
Era o alimento de sua alma
Maria trocou seu nome muitas vezes
João precisava dessas suas variações
Ele as juntava tal como pétalas de uma margarida
E desejava a personificação de uma bela rosa
Uma imaginária
Uma imaginada
Uma que não existe
“Eu sou um pouco” A chamada Cass lhe disse


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A Cass é intensa. Ou tem o corpo VIVO mesmo que magoando-se e deixando-se ser usada por tantos ou tem a alma VIVA, quando ouve um inesperado e tão esperado “Eu te amo”. Tal vivacidade e morbidez não se bateram de frente, ao contrário, elas se distanciaram, tal como Cass que decidiu afastar-se do homem mais feio da cidade, pois por mais talhos que ela tivesse no corpo, era a sua alma que sangrava e jorrava vida pelos seus poros quando ele por perto estava, e foi então que a morte aproveitou a chance e lhe disse: “És a mais bela, vem!”
E ela morreu, amou, viveu. Exatamente nesta ordem.

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