Naquele canto secreto
Onde mil manadas disparavam em desatino
Onde o guerreiro se transformava num sábio
E o homem maduro num menino
Naquela sala escondida
Onde torrentes desembocavam em estrondo ensandecido
Onde os egos já não tinham cortina
A mulher culta virava odalisca
E a cortesã, uma menina
O guerreiro viu seu corpo se esvaindo
Sua alma aberta, seus segredos desnudos
Provou do doce cálice, das delícias
Da juventude que há muito se fora
Riu - e riu mais – e quase chorou
E medrou assustado
Porque tivera virado menino
Porque o sábio não sabia o que fazer
Agora que a odalisca, menina, cortesã, guerreira
Navegava uma torrente que já não desaguava
Na cachoeira estrondosa do seu dia.
E, como um sistema solar separa o coração e a mente de um homem,
Uma galáxia se interpõe entre seus corpos
E é hora de acordar.
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